Quando éramos crianças íamos buscar verduras frescas na horta do vizinho para serem preparadas no mesmo dia. Esse deslocamento muitas vezes dependia somente de um par pernas ou, no máximo, de uma boa bicicleta.

Não se tinha tanta pressa e dava até para prosear como era a dinâmica de plantação com "tio da horta". A graça era passear pelos canteiros e ouvir as explicações de como a semente germinava, crescia e virava o alimento que logo mais estaria na mesa.

Antigamente, o mesmo senhorzinho que plantava verduras, também criava galinhas e as vendia na feira. A família rural que, todo sábado, levava frutas e verduras para seus parentes que moravam na cidade. Fazíamos visitas aos sítios próximos à capital para comprar mel. Tudo isso fazia parte de um modo de vida que foi sendo abandonado enquanto a gente crescia. As horas livres escasseavam e o sentido de urgência tomava conta do mundo.

O modo de viver mudou muito hoje em dia. Hábitos que eram corriqueiros, hoje estão esquecidos. Era uma satisfação de cultivar o próprio alimento, nem que fosse a alface da salada diária, ou o alecrim para o chá que curava a má digestão e substituía os medicamentos. Até o prazer de preparar as refeições e de reunir a família em torno da mesa perdeu espaço para a correria da vida moderna.

As mudanças ocorreram, quase que abruptamente, da agricultura familiar para industrializada, do paladar caipira, com vários nuances, para quase um só sabor com produtos alimentícios contendo altos teores de sódio, gorduras, açúcares refinados e muitos aditivos que afetam a saúde da população. O mundo vem passando por uma transição quase que irreversível. Com o incremento da globalização e diversidades industriais, as pessoas inclinam suas preferenciais para o é mais prático.

Uns dos clichês mais escutados e que carrega muita verdade é dizer que cada um pode fazer sua parte. De fato, as pessoas precisam estar conscientes de que há um ciclo, com produção, venda, compra e consumo, e é esse consumo que deve ser feito de uma forma que não haja desperdício, tirando do alimento tudo de melhor que ele proporciona.